Estamos no meio da manhã e a cabeça de Peter Schreyer já está fervilhando. Estamos na localidade de Jongno-gu, um distrito central em Seul. O prédio envidraçado revela formas geométricas obtusas, compondo o visual com um pinheiro coreano branco perfeito. A pedido de nosso fotógrafo, o designer caminha ao lado da parede envi-draçada. Schreyer caminha com os ombros soltos e braços balançando, entre a parede de vidro e aço de um lado e o gramado bem verde do outro. A cena não poderia ser mais simbólica.
Faz um pouco mais de quatro anos e meio que Schreyer saiu da VW e foi para a Kia. Este alemão era um dos mais requisitados designers da Europa, deixando de lado uma carreira brilhante entre os maiores construtores europeus, para assumir um desafio com uma marca que equivalia à zero em termos de design e uma representação de mercado equivalente aos menores produtores do leste europeu. Foi um movimento surpreendente que pegou a indústria de surpresa e deixou muitas perguntas sem respostas.
Por isso estamos aqui em Seul para acompanhá-lo por 24 horas. Para vê-lo em ação, acompanhá-lo a cada instante, para obtermos aquelas respostas. Para sabermos por que um em cada leitor da CAR o nomeou como o mais influente designer do ano passado com um total de 5.694 votos na enquete feita em www.carmagazine.com.br.
Nossas 24 horas na Coreia iniciaram com um drinque à noite. Apesar de ter desembarcado naquela manhã e de ter trabalhado o dia inteiro no centro de design da Kia em Namyang, Schreyer estava relaxado e alerta enquanto bebericava um espumante.
Começando pelo fim, pergunto-lhe sobre a decisão de deixar a Volkswagen e mergulhar em águas desconhecidas. “Você quer saber mesmo a verdadeira razão de minha saída? Não me entendia com Murat Günak (então diretor de estilo). Seria impossível ficar mais tempo lá, simplesmente impossível. Então, saí. Fiquei na VW por 26 anos e acredito ter criado bastante coisa nesse período”.
Rapidamente fiz uma lista mental de projetos assinados por Schreyer: Audi A2, TT e Rosemeyer, VW Golf IV, New Beetle e o Conceito R. “Aquela companhia era meu coração e meu coração era aquela companhia”. Ele diz, sem um pingo de arrependimento.
“Nós pensávamos que éramos os donos do mundo na Volkswagen. Eu não fazia ideia que havia outro mundo aqui fora, por isso eu não sabia o que faria depois de deixar a VW. E então a Kia me procurou. Eu não os procurei. Esta mudança para a Kia mudou minha vida, sem dúvida. Muita gente diz que vim para cá por causa do dinheiro, não me importo com o que as pessoas dizem, mas fiquei surpreso com a reação que minha vinda para cá causou”.
Talvez nem ele faça ideia do que representou esta sua decisão. Em 2006 a Kia não empolgava ninguém com seu Magentis sem nenhum apelo, o antiquado Cerato e Carens, que parecia ser assimétrico. Dependendo do lado que se avalia, pode ser uma oportunidade de ouro ou um desafio assustador.
No dia seguinte após o café da manhã, o motorista de Schreyer nos leva ao centro da cidade, precisamente à Galeria Do Ga Hun no bairro de Samcheong-dong em Seul. Traduzindo: ‘a casa mais bonita’, esta galeria impressionante com restaurante integrado está localizada entre dois templos budistas, é um dos destinos preferidos de Schreyer. O jardim coberto de folhas faz a alegria do fotógrafo, Peter rabisca.
FONTE: Kia Clube Brasil
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