segunda-feira, maio 2

Kia Sportage 1.7 CRDI: só não puxa às quatro...

Se o leitor acompanha habitualmente estas crónicas já percebeu que há carros que me entusiasmam a sério e outros nem tanto. Não é que hoje em dia a indústria faça carros maus. Há mais de dez anos que isso não acontece. Mas há uns que, quando os experimentamos, nos deixam a mesma sensação da nossa equipa de futebol querida, quando se limita a cumprir calendário.
Em contrapartida, há outros para os quais basta olhar para o batimento cardíaco acelerar. É o caso do novo Kia Sportage.
Já por ocasião do seu lançamento em Portugal e de um brevíssimo contacto tínhamos ficado com boa impressão do carro. Agora, depois de três dias ao volante, essas impressões saíram reforçadas. Falar das linhas exteriores é sempre subjetivo mas o novo Kia Sportage é dos que fazem virar cabeças nas ruas e levam os mais atrevidos a vir perguntar "que carro é este?".
Espaço interior generoso, incluindo uma boa bagageira com alçapões (onde há um verdadeiro pneu sobressalente, contra o que é costume nos carros recentes) e posição de condução irrepreensível. Ao volante, impressiona um motor suave, redondinho e económico (1.7 turbodiesel de 115 cavalos). Bate aos pontos o antigo motor de dois litros e 120 cavalos em todos os campos: recuperações, suavidade, consumo (que é como quem diz emissões) e ruído.
A caixa de seis velocidades tem um casamento de amor com este novo motor, deixando trocar para a mudança acima logo às 2.000 rotações. É, por isso, mais agradável de conduzir na cidade. Em autoestrada, onde o antigo modelo dava a sensação de "acabar" aos 140 km/h, este vai a pouco mais de 2000 rotações, em sexta.
Peço licença para discordar do que alguns camaradas meus têm escrito sobre o consumo deste SUV. É verdade que facilmente nos deixamos arrastar para um andamento em que fazemos sete litros aos cem. Pudera! O carro é divertido de guiar. Mas, depois de lhe apanhar o jeito, não é difícil descer para mais perto dos seis sem termos a sensação de nos andarmos a arrastar, asfalto fora.
O Kia Sportagem curva com categoria, ainda que numa ou outra situação (lombas de velocidade, mau piso, etc) asuspensão pareça algo seca, também por efeito dos pneus relativamente altos. Mas se, de noite ou com chuva lhe surgir, vinda do nada, uma daquelas assassinas lombas de betão que ainda há em Oeiras ou Cascais, o novo Kia Sportage irá saltar como um verdadeiro jipe (dizemos isto, não para recomendar este tipo de manobra mas como prova da segurança do carro).
Em cidade há mais um atributo a considerar: um eficiente sistema ISG, vulgo Start and Stop, que não atrapalha a condução e ajuda a limitar consumos nos engarrafamentos. A versão mais cara tem câmara de marcha-atrásincorporada no espelho retrovisor.
E quanto a TT? Só com tração à frente não se lhe pode pedir muito mas com piso seco ainda faz umas brincadeiras porque a altura ao solo é razoável. Tem um sistema eletrónico de controlo de descida que não vale umas redutoras mas sempre ajuda em rampas íngremes e escorregadias.
Já que falamos de preços, a versão mais acessível surge por € 25.980, que sobe para € 29.847 no modelo mais equipado. Sublinhe-se que estamos a falar de versões unicamente com tração à frente porque se quiséssemos ir para uma hipótese 4x4 o preço dispararia para uns assustadores € 40.000, mais que uma "pick-up" de topo de gama. Dá que pensar...
Sem prejuízo do enorme progresso que este carro representa e que neste momento faz dele uma das melhores escolhas do segmento (a par do Dacia Duster, num registo mais espartano e numa fasquia de menos € 5.000) oantigo Sportage de 2004, tal como o seu "primo" Hyundai Tucson, merece que deitemos uma lágrima por ele.
Por este preço, puxava às quatro e era surpreendentemente bom fora de estrada (apenas limitado pela altura ao solo e pela pouca redução da primeira velocidade). Dos areais da Namíbia aos barros da foz do Limpopo, das serras de Fafe aos pinhais da Comporta nunca me deixou ficar mal. Que descanse em paz...
FONTE:  Expresso

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